Descoberta das Ampolas de Lorenzini
Tudo começou em 1978, quando o anatomista Stefano Lorenzini notou e descreveu poros que se localizavam na parte dianteira da cabeça de tubarões e arraias. Ao remover a pele vizinha aos poros ele pôde perceber que cada poro dava em um tubo transparente que continha um gel cristalino. Havia dois tipos de tubos: alguns eram pequenos, bem finos e delicados, porém outros eram mais grossos e maiores. Como os tubos se juntavam em grandes massas de gelatina transparentes na região mais profunda da cabeça, Lorenzini então rejeitou que esses poros fossem a fonte da substância viscosa do peixe.
Ampola de Lorenzini
Fonte:http://curlygirl.no.sapo.pt/imagens/lorenzini.jpg
Já em meados do século XIX, a função das ampolas começa a se esclarecer com a descoberta da função da linha lateral dos peixes. Já no fim do século, com a ajuda do microscópio, considerou-se o fato das ampolas poderem ser órgãos sensoriais. O tubo termina em uma bolsa bulbosa (ampola), que possui um fino nervo que se junta à ramificação do nervo da linha lateral anterior. Então os cientistas decidiram rastrear essas fibras nervosas da base do crânio e perceberam que elas entram no cérebro pela superfície dorsal da medula (destino de nervos que levam informações sensoriais ao cérebro). Também foi observada uma única célula ciliar bem pequena (semelhante às da orelha interna humana e do sistema da linha lateral do peixe) dentro de cada ampola. Porém, o tipo de estímulos que elas podem detectar ainda não tinha sido descoberto.
Fonte:http://www.enciclopedia.com.pt/images/articles/ampullae.gif
Já no século XX os cientistas começaram então a descobrir os tipos de estímulos que são detectados pelas ampolas. Em 1909, G. H. Parker (biólogo) percebeu que as ampolas respondem ao toque. Já em 1938, Alexander Sand, nota que além deste órgão responderam ao toque e a pressão, são sensíveis a temperatura. Nos anos 60, R. W. Murray observou que as ampolas são sensíveis a pequenas variações de salinidade e a campos elétricos fracos. Nos anos 70, Adrianus Kalmijn prova que o corpo dos animais produz campos elétricos na água do mar e que tubarões em cativeiro percebem os mesmos. E nos anos 90 até o presente, pesquisadores mostram que a eletrorrecepção ou “sexto sentido” é um sentindo ancestral.
O que são as ampolas?
Fonte:http://www.wikipedia.org/
As Ampolas de Lorezini são pequenos poros conectados por longos canais (tubos) a estrutura em forma de saco que contem um fluido gelatinoso. Encontradas na cabeça de tubarões, geralmente ao redor do focinho, são receptores sensíveis a variação de salinidade, temperatura e pressão da água. Possuem capacidade de detectar campos elétricos gerados por animais, tendo em vista que as atividades fisiológicas dos mesmos produzem campo elétrico (principalmente as atividades musculares). Alguns tubarões podem chegar a perceber mudanças de 15 bilionésimos de volt no ambiente em que se encontra.
Fonte:http://www.wikipedia.org/
Percepção das Ampolas
Tubarões e arraias detectam formas breves e fracas de bioeletricidade (potencial elétrico das ondas cerebrais e contrações do músculo cardíaco). As ampolas de Lorenzini estão ajustadas para perceber campos elétricos que mudam lentamente, como as células biológicas no corpo, que funcionam como baterias.
Fonte:http://www.biologo.com.br/tubarao
“Uma bateria comum produz tensão quando duas soluções salinas com cargas elétricas líquidas diferentes são separadas dentro de uma célula eletroquímica. Cargas opostas se atraem, e o movimento resultante da carga cria uma corrente elétrica. Da mesma forma, as células vivas contêm uma solução salina que difere da água do mar, causando o surgimento de uma tensão na interface.”
Logo, os corpos dos peixes funcionam como uma bateria fraca, pois emitem campo elétrico ao seu redor. Este campo muda lentamente à medida que a água é bombeada pelas guelras do peixe.
Nos anos 70 o biólogo Adrianus Kalmijn, através de um simples experimento usando um amplificador eletrônico, provou que os animais produzem campos bioelétricos na água do mar e que os mesmo oscilavam pouco ao longo do tempo, condizendo com o tipo de característica elétrica que as ampolas de Lorenzini captam. Kalmijn também enterrou eletrodos na areia de um aquário e demonstrou que os tubarões os localizavam e os atacavam quando estes eletrodos emitiam campos elétricos que imitavam os de presas de tubarão.